Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel. (Lucas 2.29-32)
Introdução
A cada final de ano com seus muitos desafios e labores, somos contemplados por Deus com a bendita e feliz lembrança daquele antigo e primeiro natal. É agora ocasião oportuna para atentarmos para as verdades que nos advêm dos primeiros dias de Jesus na terra. Para este Natal de 2025, convido-os a considerarmos brevemente em um episódio da vida do recém-nascido Senhor. Que nossa fé seja fortalecida, nossa alegria aumentada e a glória de Deus exaltada!
O contexto
Junto com o evangelista Mateus, Lucas narra as circunstâncias gloriosas que envolveram o advento da encarnação do Filho de Deus. Em seu relato, descobrimos que quando Jesus nasceu, aconteceram manifestações extraordinárias de anjos e revelações especiais do Espírito Santo. Lemos sobre um exército angelical louvando a Deus junto a pastores no campo, sobre uma jovem judia chamada Maria que irrompera num cântico de louvor após a visita de Gabriel e também sobre Simeão, que adorou a Deus em alta voz por ter visto a salvação com seus próprios olhos.
A passagem
Simeão era um israelita e dos fiéis. Era uma época de legalismo e erros doutrinários, mas em todos os tempos Deus tem os seus escolhidos. Ele praticava o amor a Deus e o amor ao próximo, pois era justo e piedoso. Além disso, ele conhecia muito bem as Escrituras, os mandamentos e as promessas. Alguns historiadores arriscam até dizer que Simeão era filho de um grande mestre judeu chamado Hillel e de que ele era líder no Sinédrio.
Mas o que podemos ter certeza era que Simeão cria nas profecias sobre a vinda do Messias e aguardava o seu cumprimento ansiosamente. De modo especial, este servo de Deus era alguém sobre quem repousava o Espírito Santo de modo incomum, para profetizar à respeito da vida do Senhor Jesus Cristo.
Lemos que o Espírito prometeu a Simeão algo extraordinário – ele veria a Cristo com seus próprios olhos, antes de sua morte. Foi então que o próprio Espírito o levou ao centro da adoração de Israel, o templo, para ali encontrar José, Maria e seu filho, os quais foram para lá registrá-lo. Sobre isso, Joel Green escreveu: “Deus, agindo por meio da orientação do Espírito Santo, faz com que Simeão chegue ao templo no momento e lugar certos.
Deus, agindo por meio do “costume da lei”, exige que os pais de Jesus levem seu filho ao templo também naquele momento.” Foi então que, sobrenaturalmente, Simeão soube que aquele menino era o Messias prometido. Assim não tardou em abraçá-lo e a orar audivelmente ao Senhor. Os pais de Jesus ficaram tomados de admiração pelas palavras de Simeão, o qual os abençoou e profetizou acerca da vida e da obra de Cristo perante sua mãe.
Bênçãos de um encontro com Jesus
A partir deste acontecimento maravilhoso, especialmente das palavras do profeta Simeão em seu cântico de louvor, queremos destacar três efeitos de um verdadeiro encontro entre o Rei Jesus e o homem pecador:
1 – PAZ (v. 29; cf. Is 9.6; Jo 14.27)
Após vivenciar a promessa do Espírito em sua vida, a saber, de que ele em carne veria o Messias tão aguardado, Simeão sentiu-se pronto para partir para estar em espírito com o Senhor. Uma vez cumprida a bendita garantia que recebeu, este servo de Deus agora aguarda com paz a sua morte.
A partir daquele dia, a fé de Simeão foi em muito fortalecida a ponto de ele ter grande segurança da vida eterna. Seu coração foi tomado de tranquilidade quanto aos próximos episódios de sua vida, pois o Deus que conduzia Simeão em seus braços permitiu que Simeão o tivesse em seu colo.
Querido, um encontro com Jesus é um encontro que traz paz inigualável. Quando a alma perturbada encontra a Cristo, ela descansa em prazer celestial inabalável. A vida do cristão, portanto, deve ser uma vida de paz, pois sejam mais amenas ou mais sofríveis as lutas aqui, no final tudo acabará bem.
Quando nossa fé é depositada no Filho de Deus, o receio quanto ao futuro se esvai. Matthew Henry disse: Aqueles que tiveram, por fé, uma visão de Cristo, e somente aqueles, podem encarar a morte com coragem. Compreendemos assim que a morte, que antes tanto nos apavorava, é agora apenas a porta para a nossa entrada no paraíso.
2 – SALVAÇÃO (vv. 30,31; cf. Is 52.10; Mt 1.21)
Simeão compreendeu que diante dele estava o servo sofredor prometido em Isaías, por cujas feridas ele seria perdoado e por cujo conhecimento ele seria justificado. Ele reconheceu que aquele menino carregava o único nome que poderia salvar não apenas seu próprio povo, mas à humanidade. Simeão cria que Jesus reconciliaria Deus com os homens, libertando-os do poder, do salário e finalmente da presença do pecado.
Mas nem todos receberiam a Jesus e se tornariam filhos de Deus. Alguns, de fato, se oporiam ao Salvador e às suas declarações. Simeão profetiza que Jesus seria alvo de contradição (v. 34). Embora a salvação em Cristo alcançaria todos os povos, seu propósito não era alcançar todos os indivíduos pois mesmo em Israel havia falsos religiosos e isso seria logo manifesto (v. 35).
3 – LUZ (v. 32; Is 60.1-3; Jo 8.12)
Por fim, o profeta torna a confessar sua fé em Jesus com as palavras de Isaías, reconhecendo Jesus como aquele que desvenda os mistérios e manifesta a glória de Deus. Ele é aquele que tira os homens da escuridão da ignorância, conduzindo-os para os feixes de luz de sua maravilhosa verdade. Simeão enxerga em Jesus a aceitação de Deus de pessoas de toda tribo, língua, raça e nação.
A salvação preparada para os judeus, demonstrou-se preparada também aos estrangeiros. J.C. Ryle assim disse: “Jesus foi realmente uma luz para alumiar os gentios. Não conheciam o caminho da vida. Adoravam a obra de suas próprias mãos. Seus filósofos mais sábios eram totalmente ignorantes no que se refere às coisas espirituais. O evangelho de Jesus foi como o nascer do sol para a Grécia, Roma e todo o mundo pagão.”
Aos judeus, Jesus era uma luz gloriosa pois era uma honra para a nação de Israel que o Salvador do mundo descendesse de uma de suas tribos. De fato, Jesus veio para manifestar a glória do Pai anunciada desde os tempos antigos pelas Escrituras hebraicas, tanto na Lei como nos Profetas.
Assim, aos judeus esperançosos, a luz de Deus, Cristo, era consolação e glória. Aos gentios, ele era a chegada de uma boa e inédita salvação, anteriormente desconhecida.
Nas Escrituras, a luz tanto traz consolação como revelação. Ou seja, no fim, Cristo, a luz do mundo, tornará manifesto o coração dos homens e lhes dará um destino eterno – aos justos, piedosos e fiéis, a herança que lhes cabe no reino da luz, aos maus, ímpios e incrédulos, densas trevas para sempre.
Jesus nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino de sua luz. Ele veio para dissipar toda escuridão do pecado com a poderosa e revigorante luz de sua presença santa. Com Cristo, andamos e não tropeçamos, sua luz brilha em nós e através de nós. Jesus, por meio do seu Espírito, nos santifica e nos faz caminhar de glória em glória.
Conclusão
Jesus veio ao mundo para trazer paz, salvação e luz aos homens perdidos. A descida de Deus do céu à terra, a entrada de Deus na história com a primeira vinda de Jesus, foi o evento mais extraordinário que o Universo já presenciou!
Que diante de tão glorioso feito, que nos alcançou pela graça, vivamos uma vida de gratidão, alegria e amor. Que neste Natal, a mansidão da paz com Deus, a segurança da vida eterna e o brilho da santidade de Cristo sejam evidentes em nós, para a glória de Deus e para o convencimento dos homens da verdade do evangelho.
Que Deus te abençoe!




